sábado, 17 de março de 2012

Resenha | Os Gêmeos

Os Gêmeos - Crônicas de Salincada - Livro I
Autora: Pauline Alphen.
Tradução: Dorothée de Bruchard.
Páginas: 368.
ISBN: 9788535920079.
Editora: Companhia das Letras.
Capítulo do Livro
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Sinopse:

Claris e Jad são irmãos gêmeos tão inversos quanto idênticos. Eles vivem em uma aldeia chamada Salicanda, em um castelo cravado num vale isolado por uma cadeia de montanhas e encharcado por uma chuva fina e incessante, com o pai, Eben; um preceptor, Blaise; e a ama, Chandra. A mãe, Sierra, desapareceu em uma noite de temporal, no dia em que os gêmeos completavam três anos, deixando a família despedaçada e muitas perguntas no ar. À procura de respostas para os mistérios que envolvem o sumiço da mãe, a história de Salicanda e os dons sobrenaturais que parecem ter herdado de Sierra, os gêmeos vão ultrapassar as fronteiras do castelo onde vivem e também do seu mundo: aquele da infância dos dois, o de um passado que eles desconhecem.

Hoje eu vou comentar sobre Os Gêmeos, primeiro volume da série Crônicas de Salicanda, escrito por Pauline Alphen, filha de pai francês e mãe alagoana. Não é bacana saber que ela também fala português e colaborou na tradução do livro? O livro é uma cortesia da editora Companhia das Letras em parceria com o blog.

Os Gêmeos conta a história de dois irmãos que vivem num futuro onde a tecnologia está praticamente ausente. Jad é um garoto mais na dele, preocupado com coisas que exijam mais a paciência para se obter algum resultado. Ele gosta de cuidar de bonsais, por exemplo, e sofre por constantes enxaquecas. Já sua irmã, Claris, é movida pela impetuosidade. Ela não aceita essa história das princesas dos livros não poderem viver as grandes aventuras que os mocinhos empreendem. Ela quer aprender a usar a espada e montar a cavalo.

– PP?
– PP: princesas passivas. Passam a vida dormindo, esperando, sonhando... Ficam arrastando a beleza e os desmaios pelos livros sem nunca serem o motor dos acontecimentos! – exaltou-se Claris. – Elas apenas “estão” nos livros.
Pág. 24.

Os irmãos cresceram sem a mãe. Sierra sumira numa noite tempestuosa sem deixar nenhum sinal. Por conta disso, Eben, o pai, se isolou há muito tempo da vida dos filhos até que alguns sinais começaram a surgir, indicando mudanças importantes. Por que Sierra desaparecera? Por que há objetos esquecidos no castelo? E por que a tecnologia deixou de existir no mundo?

– O problema é que o silêncio não apaga o passado.
A essas palavras, Eben estremeceu e olhou para Maya como se estivesse vendo um fantasma.
– Nada apaga o passado. Nunca. A gente faz de conta, só isso.
Pág. 150.

O interessante do livro é que ele vai contra o que normalmente vemos numa distopia. Não sei se de fato o livro pode ser visto como uma, apesar de conter elementos distópicos como a supressão de um governo, ou líder, sobre a vontade do povo. Há nesse livro elementos da conhecida literatura fantástica, como elfos, ondinas, salamandras e outros elementais e poderes parapsíquicos.

Como todo bom livro juvenil, durante a leitura nos deparamos com momentos de sabedoria e reflexão enquanto os personagens dialogam. Gosto muito quando essas passagens são bem contextualizadas, tão bem inseridas no texto que não fica tão óbvio a intenção do autor.

– Você sabe por que vive melhor nos sonhos?
A resposta veio rápida:
– Porque neles meu corpo imperfeito não me incomoda. Porque, nos meus sonhos, em espírito, eu sou perfeito. Posso correr, montar a cavalo, lutar sem que meu coração ameace explodir. É um espaço onde posso me refugiar, ser eu mesmo.
Pág. 131.

Um dos pontos que não me agradou, mas que parece ter se tornado algo muito comum na literatura atual, é a história ser contada pelo ponto de vista de vários personagens. Eu particularmente fico um pouco perdido e sinto uma desaceleração na leitura. Porém, a narrativa assim mostrada apresenta uma gama maior de informações a respeito da história. E a gente vai entendendo, aos poucos, como o mundo dos gêmeos se tornou o que atualmente é.

Os Gêmeos é um livro recomendado para todos aqueles que buscam um livro que pede uma leitura mais lenta para ser apreciada, como se você estivesse ao redor de uma fogueira e alguém estivesse contando a história.

Acredito que cada indivíduo possui um reservatório de conhecimento que ele próprio ignora. Ele sabe o que é melhor para ele, o que deve fazer com a própria vida, por que nasceu, como viver em harmonia com o planeta. Se somarmos o que cada um sabe, temos um potencial infinito de sabedoria e conhecimento! Além disso, acho que essas informações podem circular de uma alma para a outra, de um coração para outro, acredito que elas possam ser trocadas.
Pág. 132.

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