sábado, 11 de agosto de 2012

Resenha | A garota que perseguiu a lua

A garota que perseguiu a lua
Autora: Sarah Addison Allen.
Tradução: Aline Klesck.
Páginas: 243.
ISBN: 9788516657989.
Editora: Planeta.

Sinopse:

"Como você pode achar seu caminho? Seguindo as nuvens ou a lua?" Emily Benedict foi para Mullaby após a morte de sua mãe. Ao chegar à cidade e conhecer seu avô ela percebe que os mistérios do lugar nunca são resolvidos: eles são uma forma de vida. Existem quartos cujo papel de parede muda de acordo com o seu humor, luzes estranhas aparecem no quintal à noite e Julia Winterson, a vizinha, consegue cozinhar a esperança em forma de bolos. Emily percebe que sua mãe esteve envolvida no maior mistério da cidade, e conta com a ajuda de Julia para desvendá-lo. Em Mullaby nada é o que parece."

Eu conheci esse livro através de uma resenha da Alba no blog Psychobooks. E assim que comecei a leitura, imediatamente me encantei com a narrativa e a história.  E essa entra para o "rol" das resenhas mais difíceis de escrever por eu ter gostado muito do livro. Desculpem se faltam informações ou se há em excesso. Mas quando um livro é tão bom e nos deixa tão bem, alguns "pecados" devem ser perdoados.

Sarah nos apresenta a história de Mullaby, uma cidadela com uma névoa misteriosa, pelo ponto de vista de vários personagens. Eu normalmente não gosto muito de enredos assim, mas não tinha como essa história ser encantadora se fosse focada somente em um personagem. Emily é uma adolescente de 17 anos que muda para Mullaby após o acidente de carro que matou sua mãe. A história já começa com ela chegando á cidade e é com ela que vamos descobrindo vários dos mistérios do lugar. Julia é uma mulher adulta, tem por volta de 36 anos e um passado triste e especial com a cidade. Ela passou muitos anos longe de Mullaby, voltando somente para conduzir, durante dois anos, o negócio cheio de dívidas do pai já falecido. Sua antagonista é um mulher desprezível. Julia tem uma ligação muito peculiar com a fabricação de bolos.

"Essa era uma das grandes injustiças da vida: que você pode seguir adiante, ser realizada e feliz, mas no instante em que vê alguém do colégio, imediatamente se torna a pessoa que era naquela época, não a que é agora."
Julia, pág. 93/94.

Temos também os pontos de vistas masculinos. Win é um adolescente que descende dos ancestrais da cidade e o segredo que envolve sua família é conhecido por toda a cidade, exceto por Emily, o que é um grande mistério para ele. Sawyer é o outro adulto, sua história está intrinsecamente ligada à de Julia. Um homem com uma confiança aparentemente inabalável que no fundo busca redenção às coisas que fez no passado. Vovô Vance possui uma história de amor muito bonita; e um senso de proteção muito forte para com as pessoas que ama.

A narrativa da autora tem um toque de conto, com gigante, papel de parede que muda de cor de acordo com o humor da pessoa, árvores que parecem damas fazendo reverências e as famosas luzes de Mullaby que fazem a fama da cidade. A ambientação da história faz parecer que estamos lendo sobre um sonho e não um mero romance cheio de descrições frias. Para Sarah Addison, um sentimento não é apenas algo abstrato. Ela dá um toque de vida maior a ele, dá um corpo. Como por exemplo, ao descrever o sorriso de Vance Shelby ao ver a neta pela primeira vez quando ela chega na casa dele.

"Ele sorriu. Então, seu sorriso se transformou num riso que parecia um rugido, como um fogo grandioso."
Pág. 10.

Um sorriso "como um fogo grandioso" não é o mais perfeito sorriso de boas-vindas? Essa simples passagem me fez sorrir quando li e fez a autora ganhar um novo leitor.

Com uma narrativa que prende a atenção, Sarah Addison vai liberando bem aos poucos informações sobre os mistérios da cidade e das pessoas que vivem ali. Ela conseguiu criar momentos de tensões bem plausíveis para atiçar nossa curiosidade. Poucos autores conseguem fazer isso e, ainda mais, conduzir o pensamento de quem lê para um desfecho completamente diferente do que esperamos. Pois é, a autora me surpreendeu com o final do livro e juro que foi muito cruel a história terminar daquele jeito. Fiquei muito querendo saber o que acontece após aquela porta abrir.

Imaginem uma barra do melhor chocolate que vocês queiram comer. Às vezes, a gente quer devorar tudo de uma vez. Outras, a gente quer saborear aos pedaços para o sabor durar muito mais e nos satisfazer durante mais tempo. Se você busca uma leitura como esse chocolate que vai derretendo na boca, eu recomendo muito esse livro!

" Por que você fica experimentando? Eu posso lhe dizer, por experiência própria, não é tão bom assim.
O quê?
Ser comum."
Win, pág. 38.

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