quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Resenha | Encantos do Jardim

Encantos do Jardim
Autora: Sarah Addison Allen.
Tradução: Paulo Reis e Lourdes Menegale.
ISBN: 9788532523938
Páginas: 238.
Editora: Rocco.
Skoob

Sinopse:

Embora as mulheres da família Waverley não sejam feiticeiras, todos na diminuta cidade de Bascom sabem que há algo misterioso nelas. A avó de Claire criava iguarias únicas com flores comestíveis para resolver os problemas das pessoas e sua idosa prima Evanelle tem mania de enviar presentes inesperados exatamente quando as pessoas precisam deles.
Quando Sydney, irmã de Claire, volta a Bascom após anos de ausência, traz junto sua filha Bay e a capacidade de unir essa família pouco convencional.

O primeiro livro da Sarah Addison Allen que eu li foi uma recomendação da Alba do Psychobooks. A garota que perseguiu a lua já está resenhado aqui no blog. Então, fiquei sabendo através da Alba que a autora tinha outro livro e me joguei na promoção do Submarino e, quando o livro chegou, larguei todas as outras leituras e fui para uma nova cidade, conhecer novos personagens e me encantar e sentir essa paz que a narrativa da autora me proporciona.

A história de Encantos do Jardim é ambientada numa cidade chamada Bascom, onde algumas famílias possuem características bem peculiares. As mulheres da família Waverley possuem  dons misteriosos.  Claire é uma banqueteira que usa flores comestíveis de seu jardim nas receitas que prepara - essas flores, usadas com astúcia, são capazes de mudar o humor das pessoas. Claire é uma mulher de 34 anos que aparenta uma segurança enorme. Eu me identifiquei com alguns receios e medos que ela tem em relação à vida e com o fato de querer uma certa segurança. Um dos pontos de vista mais explorados é o de Claire e o seu relacionamento, ou não, com o novo vizinho Tyler.

“Eles queriam que as rosas da noite representassem o seu amor, mas quando se adicionava tristeza ao amor, o resultado era o arrependimento. Eles queriam noz-moscada para representar sua riqueza, mas quando se adicionava culpa à riqueza, a consequência era constrangimento.”
Pág. 48.

Sydney é a irmã mais nova de Claire. Passou dez anos de sua vida em aventuras e, em uma delas, acabou conhecendo David, um homem cruel. Mas que lhe deu um tesouro inestimável. Apesar de ser um livro com um tom mais adulto, visitamos os pensamentos da Bay, a pequena Waverley filha de Sydney. Bay é aquele tipo de criança que a gente acredita que não existe, mas Sarah Addison faz com que ela se torne realidade. Uma garotinha esperta e curiosa que sabe muito bem onde as coisas devem sempre estar. Mesmo que alguns sacrifícios e perdas aconteçam pelo caminho.

Prestem bastante atenção na prima Evanelle, também. Ela é uma senhora de 79 anos que possui o dom de dar às pessoas alguma coisa que elas, um dia, precisarão usar. Ela não sabe qual o uso que a pessoa fará ou o momento, ela simplesmente sente necessidade de presentear alguém e só se aquieta após fazê-lo. Evanelle deu somente dois presentes para seu marido: o primeiro foi uma pequena pedra negra, que ele usou para bater na janela da casa dela e chamar sua atenção. O outro... bem, não quero estragar a surpresa, mas é emocionante.

“(...) Quando Evanelle lhe trazia algo, geralmente você precisaria daquilo mais cedo ou mais tarde. (...) A maioria dos habitantes da cidade tratava Evanelle bem, mas com humor. Nem ela própria se levava muito a sério. Mas Claire sabia que sempre havia algo por trás dos presentes estranhos que Evanelle trazia”
Pág. 48.

No jardim da casa das Waverley há também uma macieira que vive arremessando seus frutos, desejosa que as pessoas comam um. Apesar de ser somente uma árvore, há algums momentos bem engraçados. É como se a árvore fosse um animal, que se encolhe ao ser repreendido pelo dono ou dá pulos de alegria quando alguém que ela gosta está por perto.

A narrativa é em terceira pessoa e passeia pelo ponto de vista de vários personagens, cujas as histórias se relacionam em alguns momentos e se completam no final. Apesar do livro possuir poucas páginas, a autora soube amarrar bem as histórias dos personagens e mostrar as transformações por que passaram. Eu poderia querer que o livro tivesse mais páginas, mas elas são suficientes. Eu acho que vou viver muito tempo no mundo dessa história, ou melhor, dessa narrativa. Sarah Addison, sem dúvidas, se tornou uma autora preferida. Sua narrativa é uma aula de como mesclar uma dose certa de fantasia com realidade e como usar metáforas críveis e perfeitas para descrever sentimentos e ações.

Porém, há alguns defeitos neste livro. A capa não é bonita, a ortografia ainda é a de antes do Novo Acordo Ortográfico e as páginas são brancas. Através de um tweet, perguntei para a editora se elas não relançariam uma nova edição do livro. O pessoal da Rocco me disse que "a sugestão será avaliada internamente". Vou torcer para que não fique só na análise, porque Sarah Addison merece um cuidado especial.

Uma pena ainda não ter outros livros da Sarah traduzidos por aqui.

Leiam logo, gente!

“(...) Para algumas pessoas, a pior coisa a acontecer com elas é a maior coisa a acontecer com elas.”
Pág. 228.

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