segunda-feira, 5 de maio de 2014

Resenha | A extraordinária viagem do faquir que ficou preso em um armário Ikea

A extraordinária viagem do faquir que ficou preso em um armário Ikea
Autor: Romain Puértolas.
Tradução: Mauro Pinheiro.
Editora: Record.
Páginas: 256.
ISBN: 9788501102089.
Classificação: 4/5.
Skoob

Sinopse:

A figura de um faquir está associada à meditação, ao treinamento e à magia. Mas, no caso de Ajatashatru Ahvaka Singh, é mais provável que o público se depare com truques e trapaças. A última de suas artimanhas foi convencer sua aldeia a pagar por uma viagem a França para adquirir a Camadepregösa, um modelo de cama de pregos vendida pela Ikea. Só que ele não contava em ficar preso dentro de um dos armários da loja. Nem que o móvel seria despachado para outro país. Assim, o faquir e seu turbante partem para uma aventura, ainda que involuntária, pelo mundo, fazendo uma horda de inimigos, alguns amigos e aprontando muitas confusões pelo caminho. • Publicado como parte da lista “Os inevitáveis de 2014”, considerado uma das apostas do ano pela Folha de São Paulo. • Fenômeno de vendas na França, onde atingiu a marca dos 250 mil exemplares comercializados, e figurou no primeiro lugar na lista dos best-sellers do país.

Eu não sei vocês, mas sempre que eu começo a ler um livro com personagens que são orientais ou que vivem no Oriente Médio eu imagino que verei bastante reflexão sobre a vida. Quando o livro A extraordinária viagem do faquir que ficou preso em um armário Ikea chegou de surpresa da Record, eu quis lê-lo logo porque gosto dessas reflexões e, pelo fato do personagem principal ser um faquir, eu esperava vê-las aos montes.

Grosso modo, faquir é uma figura indiana capaz de entrar em um estado de concentração tão profundo que lhe permite caminhar sobre brasas, engolir espadas ou mesmo deitar-se sobre uma cama de pregos sem problema algum. E é na França que nós vamos encontrar o carismático Ajatashatru Ahvaka Singh em busca de uma cama de pregos novas numa loja de departamento chamada Ikea.

Ajata - é como eu o chamei, porque esse nome todo só Buda na causa - é um charlatão. E dos bons. Ele conseguiu convencer sua aldeia a pagar uma viagem para a França onde, munido com uma nota de 100 euros falsa, ele pretendia comprar uma Camadepregösa. Acontece que Ajata acaba se enfiando num armário da loja para se esconder e, por um infeliz acidente do destino, acaba despachado num caminhão para a Inglaterra.

É assim que começa a viagem de Ajata. Mas ela não termina quando ele chega na Inglaterra. O faquir ainda verá muita coisa e conhecerá histórias que farão - será mesmo que farão? - com que ele veja a vida com outros olhos.

A narrativa de Romain é bem-humorada desde as primeiras páginas. A gente vê isso principalmente quando ele nos apresenta novas formas de pronunciar os nomes indianos. Desafio vocês a pronunciarem três vezes o nome completo do protagonista sem embolar a língua. Mas se quiserem pronunciá-lo como a chata o tutu também está valendo. As reflexões que eu esperava ver ganham mais força a partir do momento em que Ajata é despachado no armário. Elas são mostradas de forma sutil, então fiquem tranquilos porque não lerão algo rebuscado ou extremamente poético. Algumas questões sociais também são abordadas, como imigração e pobreza.

O livro possui alguns furos ou eventos não explicados. Um exemplo claro disso ocorre mais para o final e, por isso, eu não posso me aprofundar para não contar spoiler. Digamos que é algo necessário para viajar, mas Ajata não o possui naquele momento.

Faquir é um livro simples e divertido e que, somente por isso, merece ser lido.

(...) As viagens formam a juventude, dizia o ditado francês, e na velocidade em que viajava ele logo voltaria a ser um recém-nascido, se é que um armário e uma mala são os meios de transportes mais indicados para conservar a juventude.
Página 126.

Comprem o livro
.
Image Hosted by ImageShack.us
Image Hosted by ImageShack.us
Image Hosted by ImageShack.us