terça-feira, 8 de julho de 2014

Como escrever um livro #0.25 | Elementos que compõem um livro

Olá, galera! Partindo da ideia de que essa série é inspirada nas técnicas mais básicas de um RPG, é importante que a gente conheça os elementos que compõem um livro.


Pode parecer um absurdo que alguém que queira escrever um livro não saiba do que ele é intrinsecamente feito. Portanto, se pensa que esse texto pode não ser muito produtivo para você, passe por ele. Mas é provável que mais pra frente eu volte a citá-lo.

A essência de uma boa narrativa diz que "A" quer "C", mas encontra "B" pelo caminho. Neste caso, "A" é o personagem principal, "B" é o conflito da história e "C" o objetivo. Portanto, o que podemos tirar de conclusão é que alguém está em busca de algo crucial, mas encontrará muitas pedras no caminho até alcançar seu objetivo. 

Personagem principal 

Normalmente, lemos livros com somente um personagem principal, como Harry Potter, Percy Jackson, Jogos Vorazes, etc. Mas ocorre também de alguns autores estabelecerem vários personagens para contar uma história, como George R. Martin em As Crônicas de Gelo e Fogo, J. K. Rowling em Morte Súbita e Tolkien em O Senhor dos Anéis.

Eu acredito que ter um personagem está de bom tamanho para um autor iniciante, porque há menos probabilidade de deixar furos na história ou mesmo criar um enredo indiferente. Isso porque o conflito e o objetivo devem girar em torno do personagem principal para que esse personagem provoque empatia em quem lê. Isto é, que os leitores se importem com ele, compreendam suas atitudes e torçam o suficiente para que ele alcance seu objetivo.

Lembrem-se: um personagem empático é diferente de um personagem simpático. Eu já li muitas histórias em que os personagens são chatos, não despertaram em mim vontade alguma de torcer por eles. Pensem nos últimos livros que vocês leram e avaliem se o personagem principal tinha um bom objetivo e lutou bastante para alcançá-lo, se lutou com garra por ele. É importante que essa luta seja condizente com sua personalidade. Um personagem heroico que se esconde quando um vilão ameaça seus amigos será visto como covarde e o seu sacrifício como algo nobre.

Conflito da história

Vocês conseguem imaginar os livros de Harry Potter sem a presença de Lorde Voldemort? Ou mesmo 1984 sem a onipresença do Grande Irmão? Estes dois exemplos mostram oposições representadas por uma figura em particular e a outra por um governo visto na ideia do Grande Irmão. A pedra no sapato do personagem principal também pode vir de conflitos internos: superar a decepção em relação a uma traição de amigos, solidão, assumir ou não a homossexualidade, distúrbios alimentares, etc.

Imaginem como a vida seria chata se tudo viesse facilmente? O objetivo do personagem não pode vir facilmente. Todo mundo enfrenta alguma batalha no seu dia a dia a fim de algo melhor, não é? Vamos imaginar que um personagem está em um emprego muito ruim. Parece mais um ninho de cobras do que um ambiente propício ao desenvolvimento profissional. Há fofocas para todos os lados, o patrão é um carrasco e o salário uma miséria, mas esse personagem tem uma personalidade reservada e pouca experiência profissional. Ele sabe que precisa tolerar alguns percalços, porque ele necessita do dinheiro pra manter a mensalidade da faculdade em dia e ajudar em casa. É isso que o motiva e o faz enfrentar o seu conflito: a perspectiva de um futuro melhor.

Estamos muito acostumados a ler livros em que o herói consegue passar pelo conflito. Mas é bastante comum encontrar livros com finais em aberto ou mesmo aqueles em que o herói lutou, mas não conseguiu atingir seu objetivo. Eu particularmente prefiro finais mais reais, em que o personagem principal tem uma frustração na sua busca e ainda assim consegue nos passar uma boa mensagem. Mas é claro que também sou fã dos finais felizes, porque a vida não precisa ser sempre difícil, mesmo em livros.

Objetivo

O que vocês mais querem na vida de vocês? É diferente do que queriam há alguns anos? Vocês estão passando pelo conflito ou começando a correr atrás, deixando de lado situações seguras e arriscando a cada passo dado? É preciso que o objetivo do personagem seja tão importante quanto o seu próprio objetivo na vida real. Deve ser algo que trará felicidade ou que seja crucial para a existência.

O objetivo tem de ser obrigatoriamente algo por que valha a pena lutar, senão não há sentido na busca. Não precisa, no entanto, necessariamente ser um objeto físico. Lorde Voldemort queria a vida eterna e empreendeu uma longa jornada para descobrir uma forma de alcançá-la e não mediu esforços pra isso, Sauron moveu exércitos em busca do Um Anel pra recuperar todo o seu poder. Eu sei, falei só dos vilões. Mas normalmente são meus personagens preferidos.

Ainda esta semana, entra mais uma postagem dando mais uma dissecada em outros elementos que compõem um livro. Assinem o feed do blog e recebam no e-mail as atualizações ou voltem sempre por aqui!
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