quarta-feira, 24 de junho de 2015

Resenha | Memória da água

Bem, eu recebi esse livro de ação da editora Galera e fiquei olhando para ele, ele olhando para mim, rolou uma piscadela e um "vem cá, me ler, vem" e, carne fraca que sou, eu me rendi.

(...) As águas mudam conforme a lua, abraçam a terra, não têm medo de morrer no fogo ou viver no ar. Entre na água de leve e sentirá um toque tão doce que quase se confunde com a pele. Mas choque-se contra ela e a água o quebrará em pedaços.
Página 9. 

Então, quando comecei a ler vi logo na primeira página que eu ia terminar esse "encontro" totalmente encantado. A narrativa possui uma calma e cadência hipnotizantes, nos fazendo ver a beleza mesmo em meio a um ambiente árido e sofrido. Não bastasse isso, a autora trabalha o texto com frases que, além de gerarem belíssimos quotes, possuem uma espiritualidade elevada.



Num tempo futuro, a humanidade se encontra à beira da escassez de água e poucas são as pessoas que possuem o conhecimento sobre as nascentes de águas limpas. Elas são conhecidas como mestre do chá. A tradição, porém, não permite que esse conhecimento seja compartilhado com qualquer um - o mestre do chá somente compartilha "o lugar que não existe", que é como chamam as nascentes, com o filho que se tornará o próximo mestre do chá.

A distância entre os sonhos e as palavras é grande, assim como a distância entre as palavras e as intenções.
Página 190.

Mas o exército de Qian, a região em que se passa a história, possui olhos e ouvidos em toda parte e alguns segredos podem não ser tão exclusivos quanto os mestres do chá pensam que são.

E é com o pai de Kaitio lhe apresentando a nascente que vamos ver se o poder da tradição é tão forte e que as escolhas, mesmo as corretas, podem gerar reações adversas.

É difícil falar da deliciosidade que esse livro é. Mas eu tenho consciência de que não são todas as pessoas que vão apreciar o que encontrarem nele - tanto pela narrativa calma como pelo final. Fico feliz quando um autor não se acovarda e define uns finais ousados, tão difíceis de aceitar para alguns.


Nós nunca paramos para pensar na importância de algo que está sempre presente no nosso cotidiano até que ele nos falte. Um amigo que parte, um parente que nos deixa. E até mesmo um celular ou computador que não funciona mais. Estas são coisas importantes, mas são as coisas mais vitais com que devemos nos importar.

Eu terminei a leitura com uma sensação de quero mais. Porque ele finaliza de uma forma a deixar interpretação para muita história ainda a ser contada. Ainda vou guardar por algum tempo as mensagens de Emmi, que são belas e tristes, felizes e terríveis.

Para finalizar, uma pequena curiosidade: 'Memória da água' é uma expressão da homeopatia cujo significado sugere que a água guarda memória de tudo o que nela já foi diluído.

(...) A água entende os movimentos do mundo, sabe quando é necessária e quando é desejada.
Página 101.

Autora: Emmi Itaranta.
Tradução:.
Editora: Galera Record.
Páginas: 288.
ISBN: 9788501103116.
Classificação: 5/5.
Capítulo do Livro
Skoob
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